21 de abr. de 2012

The book of Lost Tales [004] - Dancer of the cold.




Passados os cinco dias para o recrutamento, uma tenda é armada logo no hall do Conselho. Kassadin está encarregado de receber os guerreiros. O mesmo se mostra excitado por ter sido convocado para tal função. O explorador olha de quinze em quinze segundos para o relógio da torre central, aguardando às três horas.
O Conselho se mostra silencioso e vazio, como se todos tivessem parado de respirar por alguns segundos. A única coisa que se ouve é o som de cavalos no horizonte. Kassadin então agitasse e fica imaginando se a carruagem que se aproxima é de um candidato.
Logo que a carruagem passa a névoa de areia, se forma a imagem de uma imensa bandeira erguida, mostrando à que nação pertencia a carruagem. Demacianos, bravos soldados treinados para lutar e morrer no campo de batalha. Orgulhosos, patriotas e honestos. Seria a nação perfeita se o trono não possuísse maçãs podres.


No momento em que a primeira badalada das três horas é dada, a porta da carruagem escancara-se. Um homem alto desce com sua arma e uma bandeira. Sua armadura é amarela, demonstrando as cores da nação. O guerreiro anda ereto e com o nariz empinado, como se fosse uma honra para o Conselho recebê-lo.
O guerreiro então se aproxima da mesa, tira o elmo e se apresenta: “Boa tarde caro anfitrião! Gostaria de me inscrever para a expedição da qual me convocaram à dias.” Kassadin olha com desprezo, provavelmente enquanto remoe na mente: “Demacianos e seu imenso ego.”. Sem demorar muito, Kassadin pergunta: “E, qual o nome do senhor?”.
O guerreiro assume a posição de continência e estufa o peito para falar: “Aqui quem se encontra é o Príncipe e general Jarvan IV, filho e herdeiro do rei de Demácia Jarvan III, senhor!”. Kassadin vira os olhos, pouco se importando: “Assine aqui então, por favor...”. O guerreiro assina e pergunta: “Posso me instalar no local enquanto aguardo os outros?”. Kassadin morde os lábios como quem quisesse dizer um mar de palavras, mas mantém-se na posição de anfitrião: “Claro, sinta-se em casa!”.


Kassadin torna à aguardar novamente pelos outros. Quatro horas se passam sem ninguém aparecer, até que se enxergar um único indivíduo caminhando até o Conselho. O homem carrega uma espada quase do seu tamanho, e anda sem camisa. Kassadin se pergunta quem é o indivíduo que se aproxima.
O indivíduo entra no hall do Conselho. Kassadin ergue o dedo como quem pedisse autorização para falar, mas o homem interrompe-o antes de começar: “Onde posso tomar água?”. Kassadin aproveita a mão erguida e direciona-o até uma jarra encima da mesa. Meio sem jeito, Kassadin pergunta então: “O senhor veio se alistar?”.
O rapaz olha sério: “Não!”, e logo em seguida lança um sorriso torto: “Brincadeira, claro que vim. Não é todo dia que carrego uma espada imensa para lá e para cá.”. Kassadin da um sorriso falso e pergunta: “Qual seu nome, senhor?”. O homem parece estar pensando seu nome, mas então diz: “Sou Tryndamere, senhor!”. Kassadin então anota, e com um timbre de dúvida e pergunta: “E o que o torna um homem de sangue azul, senhor Tryndamere?”. Toda a graça do rosto do homem então some, seu humor parece completamente diferente. Fecha o punho como se tivesse se lembrado de algo que não gosta, e com uma voz áspera afirma: “Sou Tryndamere, Rei dos Bárbaros!”.
Kassadin arregala os olhos impressionado. E talvez ele nunca tivesse se surpreendido assim na vida. Tentando disfarçar, Kassadin estende o papel ao bárbaro.
Tryndamere estende a mão para pegar o papel, e em meio segundo, uma flecha corta o Hall, acertando o papel e pregando-o na parede. Uma voz feminina ecoa da porta principal: “Espero que tenham mais uma vaga, se não terei que brigar por esta, Trynda.”
O bárbaro que estava sério até alguns segundos atrás fica com os olhos doces, e um sorriso amarelo se abre no canto de sua boca: “Há quanto tempo, senhorita Ashe!”. Kassadin sorri junto, aliviado: “Não se preocupe, faltava só você!”.
Ashe e Tryndamere vão então de encontro ao outro integrante do grupo para se apresentar. Pode-se ver uma pequena barraca, porém engenhosa e trabalhada, de tecidos raros com bordas à mão e um símbolo demaciano. Ao chegarem à uns dois metros da barraca, pode-se ouvir o som de um instrumento de corda, e uma voz calma acompanhando o ritmo.
Os dois então entram na barraca, e Ashe tosse de forma que avisasse que chegou. Jarvan tropeça enquanto tenta esconder o bandolim, como se estivesse aprontando algo errado. “Opa, boa tarde bravos companheiros, sou Jarvan, soldado e herdeiro de Demácia! Vocês são...?”. Ashe toma a liderança: “Sou filha da rainha do Reino de Freljordian, conhecida como’ A Arqueira Gélida’.”. Jarvan levanta a sobrancelha com interesse, mas sem descartar o outro pergunta: “E você, herdas que reino rapaz?”. Tryndamere torna a face ao que anteriormente era: sério, frio e com uma aura melancólica. Mas ergue a voz com orgulho e fala: “Sou Tryndamere, rei dos bárbaros e o último deles!”.
Jarvan então abaixa a cabeça, como quem pudesse lembrar os fatos que transformaram seu companheiro no último do grupo. Meio envergonhado propõem: “Vamos nos informar sobre nossa rota, e descansar por hoje então?”. Ambos concordam com a cabeça e direcionam-se à Kassadin.
Ao encontrarem com o explorador, ele se encontra acompanhado do general. O general então se levanta olhando para o bárbaro com olhos de quem reconhece o rosto: “Prazer em recebê-los aqui. Como bem sabem, essa missão está sendo designada baseando-se em uma profecia feita à alguns dias atrás. E na profecia também diz que vocês provavelmente morreriam.”. O general olha os olhos de todos, procurando algum sinal de medo ou insegurança. Abre um pequeno sorriso de satisfação ao perceber que nenhum hesitou. “Todos crentes disto, assinem aqui e direcionem-se à Icathia!”.
Jarvan toma a frente e puxa uma caneta de nanquim, faz uma assinatura imensa e carimba com cera o símbolo de Demácia encima.
Ashe puxa uma pluma, e sem nada na ponta escreve no papel, parecendo que o vento era sua tinta.
Tryndamere coça a cabeça e se aproxima do papel. Puxa sua espada das costas e encosta o dedo na lâmina, escorrendo um pouco de sangue, que passa por extenso no papel, finalizando o contrato.


...
Jarvan convoca então seus companheiros à ingressar na viagem. Ashe então repica: “Não sei vocês, mas eu saí do extremo norte do continente, e vim até aqui apé. Estou mais do que no direito de descansar um pouco.”. Tryndamere balança a cabeça num sinal de concordância. Jarvan ri enquanto diz: “Não se preocupem colegas, convoquei-os para ir comigo na carruagem.” O guerreiro aponta então para o monumento em quatro rodas que se encontra perto das escadarias do Conselho. Tryndamere chega até a relaxar o ombro de alívio.
Os três entram então na carruagem e arregalam os olhos. Poltronas vermelhas aveludadas aconchegam os dois lados. Uma mesa completamente cheia de iguarias e porções preparadas pelos melhores chefs demacianos. Ashe põem a mão sob o estômago como se o mesmo estivesse tentando falar. Tryndamere mal consegue fechar a boca, chegando a quase babar. Jarvan admira o olhar dos dois, e com satisfação diz: “Sirvam-se à vontade! Hoje é por minha conta!”.


...
No dia seguinte Ashe acorda cedo, querendo descobrir onde já estavam. Olha para a janela e as costas do bárbaro cobrem a paisagem. Tryndamere parece estar relembrando algo do passado. Pode-se ver que seus olhos estão marejados e seu nariz avermelhado. Seu punho está firme e fechado, como s estivesse empunhando sua espada.
Tryndamere funga, e olha para traz tomando um susto por ver sua colega acordada. O bárbaro seca os olhos imediatamente, e com uma pigarreada fala: “Há quanto tempo você está acordada?”.
A arqueira disfarça: “Já faz um tempo. No que estava pensando?”. Tryndamere pisca forte como quem tivesse que pensar para responder: “Nada muito importante.”. Ashe então repica de forma direta: “Você não me engana, diz logo. É sobre seu clã?”. O bárbaro range os dentes e sua sobrancelha se curva: “Ok. Já que não te iludo, omito.”
A arqueira faz uma cara de indiferença enquanto muda o foco de seu olhar para Jarvan, que acaba de acordar: “Bom dia!”. Diz Jarvan com sono. Os outros dois repetem em coro: “Boa Tarde!”. Jarvan então olha para fora, como se estivesse atrasado. Da dois toques na parede da carruagem e grita: “Ei cocheiro, onde estamos?”. Ouve-se então uma voz de sono reclamar: “Faltam meio dia ainda, senhor!”.
Ficam então todos olhando um para a cara do outro, alternando entre rostos e paisagem, sem dizer nada por alguns segundos. Ashe sorri com intenção de rir e Jarvan pergunta: “Que foi?”. A arqueira fala: “Não é idiota? Três adultos sem assunto disfarçando olhar um para o outro?”. Trynda sorri e concorda com a cabeça, meio conformado com o título de idiota.
Jarvan deita de volta e começa a cantarolar hinos demacianos. Ashe não perde tempo e saca uma flauta de uma cor diferente, chegando a ser quase transparente, e acompanha o ritmo do guerreiro. Tryndamere para não ficar para traz acompanha com algumas batucadas arritmadas. E assim dura até o anoitecer, quando chegam à Icathia.
O lugar se encontra tão sombrio que a cada metro que a carruagem anda parece tornar a noite mais fria. A lua então sai de traz das nuvens negras e brilha no solo, deixando os guerreiros terem uma noção do que estão para encontrar.
A cada dois metros pode-se ver um furo, como se uma poça de ácido tivesse caído lá. As construções não foram demolidas, e sim derretidas pelo que passou aqui. Jarvan então agacha para observar o vestígio de algo no chão. É uma gosma de textura grudenta, que chega a esquentar a luva do guerreiro.


No horizonte ouve-se então, um grunhido como um som de trator afogando para ligar. Os três olham com os olhos forçados, tentando enxergar o vulto por traz de uma névoa pesada. Ashe puxa seu arco sem flecha, e após alguns segundos uma luz se forma nele, sendo lançada e formando um pássaro brilhante. O mesmo, corta a névoa iluminando o caminho, até chegar onde o vulto se encontrava, se quebrando e formando um clarão.
Pode-se ver então, claramente a criatura. Algo que possui mais a forma de um verme, porém bípede. Três olhos vem dos dois cantos da cabeça e se encontram quase no nariz. No topo de sua cabeça saem tiras de pele que parecem acompanhar sua respiração. Possuía dois braços curtos, provavelmente atrofiados pela aparência e forma que se mexiam. E por fim, pode-se ver uma boca em "W" sem gengiva e sem dentes. Sua língua se contraía e retraía, para frente e para traz. Possuía algumas pequenas serras na mesma, que deveriam servir para mastigar, que ejaculavam um líquido borbulhoso e verde, que escorria pela boca aberta da criatura.


Uma gota de suor escorre pelo rosto de Jarvan, que engole seco: “Tenhamos cuidado pessoal.”. Tryndamere solta uma gargalhada: “Você está com medo de um único bicho inútil e babão?Eu já enfrentei legiões. Com licença, se vocês não avançarem, vou por conta própria.”. O bárbaro então saca a montante das costas e caminha em direção ao ser.
Ashe fala alto, com emergência e cautela: “Espere que formaremos uma estratégia!”. O bárbaro continua rindo, e começa à trotar em direção ao ser. A criatura fica em alerta, abre a boca e cospe meia dúzia de projéteis descoordenados. Uns não chegam nem a alcançar o bárbaro, e os que chegam, são divididos ao meio pela lâmina do mesmo.
Tryndamere olha para traz com um sorriso de confiança e manda um sinal de positivo, enquanto seus companheiros assistem apreensivos.


O bárbaro para à cerca de cinco metros do alvo e solta um resmungo de desprezo. Pula e gira na direção da besta. Um corte diagonal é feito no ser, que acaba tendo um braço arrancado. A criatura grita de dor e recua oito passos. Olha a ferida e o membro no chão, olha fixo então para Tryndamere e prepara-se para atacar. O bárbaro não da folga e avança. O ser não perde tempo e cospe novamente, dessa vez com mais precisão. Tryndamere bloqueia três, quatro golpes e um lhe acerta o joelho. O bárbaro ajoelha urrando de dor. Olha para a perna e enxerga quase seu osso, enquanto a baba consome sua carne.
Tryndamere se ergue ignorando a ferida, mas outro jato passa triscando em seu ombro, derretendo a pele que encostou. O bárbaro então avança gritando com sede de sangue. Desiste de defender os golpes, pois sua espada já estava sendo consumida e seus olhos começam a brilhar vermelho. Recebe mais três ou quatro golpes no peito e braços, que começam a queimar imediatamente.


Tryndamere entra em frenesi e sua figura se torna difícil de olhar, parecendo ser densa demais para a dimensão. Corre em linha reta com a lâmina alta, e ergue a montante cortando os céus. Sua espada desce seca arrancando o canto esquerdo da cabeça do ser, que por sorte não perdeu a cabeça inteira.
O ser tropeça para traz e cambaleia desnorteado pela dor. Tryndamere avança sem pegar ar atacando novamente, mas a criatura vomita uma imensa bola de um produto grudento que interrompe o bárbaro, e o gruda no chão.
Tryndamere então perde a fúria em seus olhos, e os mesmos voltam ao normal. Ao mesmo tempo em que percebe em que situação se encontra. O bárbaro então olha para traz, procurando a imagem de seus companheiros, que estão muito longe para ajudar. Volta então o olhar ao ser que da um sorriso aberto enquanto põem a língua para fora, dizendo com uma voz que arrepia a espinha de Tryndamere: “Hora de se alimentar!”.
O bárbaro pensa: “Se tudo isso é fome, não quero ver o que é raiva.”, enquanto deita-se, fadigado pela dor, abandonando a vida. O ser lambe seu rosto e se prepara para o bote.


Uma bandeira demaciana cai então na frente do ser, e logo em seguida, Jarvan se puxa por ela, fazendo o ser recuar. O guerreiro então exclama: “Coragem é diferente de tolice Tryndamere. Pelo que eu me lembro, esse ser é chamado de Kog’Maw, mas não precisa decorar. Tente só sobreviver enquanto finalizamos o legado dessa criatura.
Ashe se aproxima e vê o estado do bárbaro. Lágrimas escorrem pelos olhos da arqueira sem parar. E entre soluços diz: “Me desculpe pelo atraso...”. Mas ao olhar para Kog’Maw, suas lágrimas imediatamente cessam. A última lágrima que cai, congela de forma anormal. Pode-se ver então que uma névoa se formou no local, nuvens aglomeram-se e ameaça chover. Jarvan olha para o céu impressionado, mas compartilha o mesmo sentimento de ódio e a vontade de matar que a arqueira tem, então foca-se novamente em Kog’Maw.
O ser cansa de olhar, e suas cerdas mudam para um tom avermelhado, parecendo sangue. Sua boca parece mais sedenta, e seu “meio olhar” se fixa. Kog’Maw então cospe em direção à Arqueira três vezes. Jarvan entra firme na frente e bate sua lança no chão enquanto grita. Uma aura se forma na frente do guerreiro, dissolvendo parte do ácido que atinge sem força o guerreiro.
Jarvan então pergunta: “Pronta?”. Ashe sorri, e seus olhos brilham azul enquanto em sua volta se forma um moinho de ar gelado. Ashe então tensiona seu arco no máximo, podendo ouvir a madeira vibrar com o vento. Sua flecha então congela e emana uma imensa energia. 
Ashe libera a flecha, que ao sair do arco em espiral congela até o tempo, formando uma imensa flecha de gelo, rasgando a dimensão, indo direto à criatura.


A flecha atinge o ser em cheio, congelando-o completamente, e no mesmo segundo Jarvan da um pulo colossal, cruzando o campo de batalha enquanto com vigor exclama: “Demácia!”. O herói brande sua lança com tamanha força no chão, que o mesmo trinca, e se ergue em volta do demaciano, enquanto empalava o ser de cima para baixo. Jarvan tira o capacete e levanta-o para cima, de forma que ficasse para fora da cratera, demonstrando vitória.
O gelo se rompe, e a criatura também; junto com um grito infernal de desespero. Kog’Maw dilata, assume uma cor roxa e começa a transbordar ácido.


Jarvan logo percebe que algo ainda poderia dar errado, mas antes que pudesse fazer algo, uma luz toma conta do mesmo. O sorriso que Ashe acabara de esboçar esvaiu-se em segundos, e logo foi substituído por lágrimas, quando o capacete de seu companheiro para em seus pés, parcialmente derretido.
A arqueira se ajoelha, largando o arco e pondo as mãos sob o capacete. Entre lágrimas e soluços, olha para o céu amaldiçoando-o: “Por quê? Por que eles e não eu, maldito?”.














Codinome Losa ( Wallace Losa), Colunista e escritor de fanfics. 

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